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OPINIÃO: Rumo às trevas pela avenida do caos

"Segurança, trabalho, saúde, educação". Preparem os ouvidos para os tempos que se avizinham. Rádio, TV, carros de som. Um exército midiático poderoso - movido por bilhões de reais - movimentará ruas e avenidas. Invadirá nossa privacidade. Contará histórias mirabolantes. Sempre achei estranha uma coincidência no currículo dos candidatos. Todos vieram de famílias pobres. Tiveram infância melancólica. Trabalharam duro para ajudar os pais. Não mentem que passaram fome porque são rosados e rechonchudos. Abraçam velhos professores para depois não lhes pagar o piso salarial previsto em lei. Pegam criancinhas no colo para as quais meses depois sonegam creches. Morrem de amor pela natureza para conquistar votos dos ambientalistas e depois permitem que se desmate o país. Beijam idosos e se deixam fotografar com o pessoal da terceira idade e meses depois deixam faltar abrigos de ônibus, remédios de uso continuado e leitos para a terceira idade.

Só de imaginar essa nojenta cantilena novamente nas propagandas eleitorais me dá urticária e náusea. Os amigos e ex-alunos sabem que sempre fui contra a reeleição para cargos executivos. Dou de barato que se aumente de quatro para cinco ou seis anos o tempo do mandato de governador e presidente da República, desde que se proíba a reeleição.

O poder vicia. Traz erros. Corrupção. Protege os aliados. A lei passa a valer apenas para os inimigos.

Bilhões de reais gastos para fazer estádios para realizar três ou quatro jogos da Copa do Mundo. Enquanto diariamente assistimos na TV às notícias de escolas em péssimas condições, grande número delas em ruínas.

Milhões de reais são gastos em viagens desnecessárias, em escândalos denunciados pelas redes nacionais de TV. Há no ar - só os surdos não ouvem e os cegos não enxergam - um oceânico desejo de mudança.

Mudança radical. Em tudo. Só quem parece não sentir são os políticos em geral e os poderosos de plantão, em particular. Ocorra o que ocorrer, nada acontecerá para a casta social monopolizadora do dinheiro e do poder, pois nada lhes faltará.

Ocorra o que ocorrer, a classe pobre seguirá iludida e feliz com a avalanche de esmolas travestidas de bolsas que cumprem a dolorosa, antiética e sublimar "missão" de amortecer consciências e ganhar votos.

Mas e a classe média, onde rebenta quase tudo, pois nem sonegar pode, pois o implacável imposto de renda (salário é renda?) já lhe desconta no contracheque os 27,5 % que equivalem a mais de quatro meses do seu salário anual?

E a classe média, onde estão os profissionais liberais, os intelectuais, os que têm visão crítica das coisas e que - nas revoluções - são os primeiros a ser presos ou mortos porque incorrem no terrível pecado de ter inteligência e discernimento com os quais podem influenciar pessoas? Sim, este ano vai ter eleições. Basta olhar as badernas nas ruas e estádios, assistir ao número de assassinatos que aumenta diariamente e às reclamações de toda ordem para sentir que estamos num clima de desordem e desobediência civil, tudo temperado pela impunidade.

Sim, este ano vai ter eleições.

Estamos caminhando pela avenida do caos.Rumo às Trevas

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